Organização de torneios amadores de beach tennis

Se jogar é bom, organizar pode ser uma dor de cabeça… ou uma grande realização. Já participei de torneios onde a água acabou no meio da tarde e a tabela atrasou três horas.

Por outro lado, já joguei eventos onde me senti um profissional, com tudo cronometrado e frutas frescas na mesa. A diferença entre o caos e o sucesso está no planejamento.

Organizar um torneio amador na sua cidade não é apenas esticar uma rede. É criar uma experiência. Se você quer ser o responsável pelo próximo grande evento da região, aqui está o mapa da mina, sem rodeios.

Planejamento: o que vem antes da quadra?

O erro número um é pensar primeiro na premiação e por último na estrutura. O torneio começa na planilha, meses antes.

Defina o propósito e as categorias

Você quer fazer um evento social para integrar os alunos da arena ou um torneio competitivo para atrair os “tubarões” da região? Isso define tudo.

  • Social: Foco em categorias D (iniciante) e C. Formato de sorteio (Rei da Praia) funciona bem.
  • Competitivo: Precisa ter categorias Open/PRO, A e B. Aqui a exigência técnica com a quadra é maior.
  • Categorias padrão: Geralmente dividimos em Masculina, Feminina e Mista, subdivididas por nível (PRO, A, B, C, D) ou idade (Sub-14, 40+, 50+).

Regras claras para a competição

Organização de torneios amadores de beach tennis
Organização de torneios amadores de beach tennis

Nada estraga mais um torneio do que discussão de regra no meio do jogo. O regulamento precisa estar escrito e disponível na inscrição.

  • Altura da rede (1,70m).
  • Sistema de disputa (sets curtos de 4 games? Set único de 6?).
  • Critérios de desempate na fase de grupos (saldo de games ou confronto direto?).
    Defina isso antes para não ter que decidir na pressão do momento.

Escolha o local e a data ideal

Verifique o calendário. Marcar seu torneio no mesmo fim de semana de um Sand Series ou de um evento estadual grande vai esvaziar suas chaves.

Sobre o local: se não for na praia, a arena precisa ter área de escape. Quadras muito coladas, onde o jogador bate na parede, geram reclamação e lesão.

Logística e infraestrutura: garantindo a melhor experiência

O atleta amador quer se sentir bem tratado. Ele pagou a inscrição e quer o mínimo de conforto.

Preparação da quadra e equipamentos

  • Areia: Precisa estar nivelada e limpa. Areia funda demais trava o jogo de iniciantes; areia dura demais machuca joelho.
  • Redes e Marcações: As fitas devem estar fixadas. Nada pior que parar o jogo toda hora para arrumar a fita.
  • Bolinhas: Calcule 3 a 4 bolas novas por jogo (ou por quadra a cada 2 horas). Bola murcha mata o torneio.

O que não pode faltar na infraestrutura de um evento na areia?

  • Hidratação: Água gelada é o básico. Frutas (banana, maçã) são um diferencial barato e valorizado.
  • Sombra: Tendas para os atletas esperarem os jogos. Ninguém aguenta 4 horas de sol na cabeça esperando a vez.
  • Banheiros: Limpos e com papel. Parece óbvio, mas…

A organização do jogo: formatos e cronograma

Homem jogando beach tennis na praia
torneios amadores de beach tennis – homem jogando beach tennis na praia

Aqui é onde o organizador ganha ou perde o respeito dos atletas. Atrasos gigantescos são o maior motivo de críticas.

Qual o melhor formato de disputa para um torneio amador?

  • Fase de Grupos + Eliminatória: É o favorito. Garante que todo mundo jogue pelo menos 2 ou 3 partidas na fase de grupos. Quem perde na primeira rodada do “mata-mata” direto vai embora frustrado.
  • Set Único (6 games): É o mais usado para fazer o torneio caber no fim de semana.
  • Short Set (4 games): Útil para categorias iniciantes ou quando chove e atrasa tudo.

Como organizar o chaveamento de forma eficaz?

Não tente fazer no papel de pão. Use a tecnologia. O chaveamento deve separar os “cabeças de chave” (os melhores ranqueados) para que eles não se enfrentem logo na primeira rodada. Isso valoriza as finais.

Divulgação e tecnologia: o segredo do sucesso

Como fazer uma divulgação de torneio que funciona?

O beach tenista está no Instagram. Crie uma identidade visual bonita.

  • Gatilhos: “Vagas limitadas”, “Camiseta exclusiva para os 50 primeiros”.
  • Parcerias: Peça para professores influentes da região divulgarem nos grupos de alunos. O “boca a boca” do WhatsApp é a ferramenta mais forte de vendas.

Inscrições e valores: onde a tecnologia entra

Esqueça a planilha de Excel e o comprovante de PIX enviado por e-mail. Isso é amador e gera erro.
Use plataformas como LetzPlay, Tornfy ou TennisUP.

  • Vantagem: O atleta se inscreve pelo app, paga, e o sistema já gera as chaves e a ordem de jogos (Order of Play) automaticamente.
  • Transparência: Todo mundo vê o horário do jogo no celular, diminuindo aquele monte de gente perguntando “que horas eu jogo?” na mesa de arbitragem.

Parcerias estratégicas e patrocínios

O valor da inscrição muitas vezes só cobre os custos básicos (camisetas, bolas, aluguel). O lucro vem dos patrocinadores.

  • Quem patrocinar? Marcas locais (imobiliárias, lojas de suplemento, marcas de roupa de praia). Ofereça espaço para tenda ou banner na quadra central.

O que é a ITF e qual seu papel no beach tennis

International Tennis Federation (ITF) é a “mãe” dos esportes de raquete derivados do tênis. Embora existam outras federações independentes (como a IFBT), a ITF é quem detém o circuito de maior prestígio, dinheiro e onde estão os melhores do mundo.

Organização do circuito mundial

O papel dela é padronizar. Imagine a confusão se cada país usasse uma altura de rede ou uma bola diferente? A ITF homologa as bolinhas (Stage 2), define as medidas da quadra e, principalmente, gerencia o ITF Beach Tennis World Tour.

É um quebra-cabeça logístico que conecta torneios em mais de 50 países, garantindo que os pontos ganhos numa praia na Itália valham o mesmo que os pontos ganhos no litoral de São Paulo.

Como funciona o ranking mundial de beach tennis da ITF

O ranking é o coração do circuito. É ele que define quem entra na chave principal (Main Draw) e quem vai ter que suar no Qualifying. E, cá entre nós, subir nesse ranking é viciante.

Base do ranking

O sistema é meritocrático, mas exige estratégia. O ranking é individual. Mesmo que você jogue sempre com o mesmo parceiro (o que é raro no longo prazo), os pontos vão para o seu perfil pessoal (o tal do IPIN).

  • Critério de Soma: O ranking considera os melhores resultados do atleta. Geralmente, somam-se os 9 melhores pontuações obtidas em torneios ITF.
  • Por que isso importa? Se você jogar 30 torneios no ano, os 21 piores resultados são descartados. Isso premia quem tem picos de performance alta, não apenas quem joga tudo o tempo todo sem ganhar nada.

Validade dos pontos e atualização semanal

Aqui é onde muita gente se perde. Os pontos têm validade de 52 semanas (um ano).
Funciona assim: se você foi campeão de um BT50 em 10 de março de 2024, esses 50 pontos cairão exatamente em 10 de março de 2025. Para se manter no topo, você precisa “defender os pontos”, ou seja, jogar o mesmo torneio (ou equivalente) no ano seguinte e ter um resultado igual ou melhor. A atualização acontece toda segunda-feira.

Sistema de pontos dos torneios

A ITF categoriza os eventos por “BT” (Beach Tennis) seguido do número de pontos que a dupla campeã leva. Entender essa escada é vital para planejar sua carreira ou seu calendário de viagens:

  • BT10: Torneios de entrada. Não dão premiação em dinheiro (Prize Money), apenas pontos. Ideal para quem está começando a buscar ranking.
  • BT50: O primeiro degrau com premiação em dinheiro (geralmente 4 mil dólares distribuídos). O nível aqui já sobe bastante.
  • BT100 e BT200: A “classe média alta” do circuito. Aqui você já vê atletas profissionais que vivem do esporte. Pontuação alta e premiações que variam de 10 a 15 mil dólares.
  • BT400: A elite. Premiações acima de 35 mil dólares. Só entra quem tem ranking muito alto.
  • Sand Series: São os “Grand Slams” da areia. 50 mil dólares ou mais de premiação e pontuação turbinada (600 pontos para o campeão, em vez de 400).

Conheça as principais regras oficiais do beach tennis

Regra é aquela coisa: a gente acha que sabe até ter uma discussão num 40×40 decisivo. Seguir o padrão ITF evita briga.

Regra principal

A bola não pode tocar o chão. Parece óbvio, mas isso define toda a tática. Como não tem quique, o jogo é 100% voleio.

Saque

Diferente do tênis, aqui você tem apenas um saque. Errou? Ponto do adversário. Isso tira a vantagem de sacar “canhões” o tempo todo e valoriza a colocação.

  • Regra dos 3 metros: No saque masculino (e mista), o recebedor não pode bloquear o saque pisando na linha dos 3 metros. Ele tem que esperar a bola viajar. Isso foi criado para evitar que jogadores gigantes matassem o ponto na cara da rede.
  • Let: Se a bola toca na fita e passa para o outro lado no saque, o jogo segue! Não se repete o saque. É o famoso “tocou, jogou”.

Pontuação

O sistema é No-Ad (sem vantagem).
A contagem é: 15, 30, 40.
Se empatar em 40 a 40, é o “Ponto Decisivo”. Quem fizer, leva o game. Quem recebe escolhe o lado que quer receber o saque.
Sets: Geralmente melhor de 3 sets. Se empatar em 1 a 1 em sets, joga-se um Match Tie-break até 10 pontos.

Equipamentos regulamentados

  • Raquete: Comprimento máximo de 50cm.
  • Rede: A altura oficial é 1,70m. Essa altura é o padrão ouro. Redes mais baixas favorecem o ataque; mais altas, a defesa. A ITF fixou em 1,70m para equilibrar.
  • Quadra: 16×8 metros para duplas. Se for jogar simples (1×1), a quadra encolhe para 16×4,5 metros.

Principais torneios da ITF de beach tennis

Se você quer assistir ao melhor beach tennis do mundo ou sonha em jogar um dia, esses são os alvos:

Copa do Mundo (ITF Beach Tennis World Cup)

É a “Copa Davis” da areia. Disputa entre países. O Brasil e a Itália travam batalhas épicas aqui. O clima é de estádio de futebol, com bandeiras e gritos de guerra. Geralmente acontece no final do ano.

ITF Beach Tennis World Championships

O mundial individual (de duplas). É o título que todo atleta quer ter no currículo para ser chamado de “Campeão Mundial”. Acontece uma vez por ano, tradicionalmente na Itália, mas o Brasil tem sediado edições recentes.

Sand Series

São os quatro ou cinco maiores torneios do ano.

  • Sand Series Réunion (França): Exótico e clássico.
  • Sand Series Gran Canaria (Espanha): Vento e tradição.
  • Sand Series Saquarema/Brasília (Brasil): As maiores estruturas e premiações do planeta.
  • Sand Series Aruba: A festa de encerramento do ano.

Como acompanhar resultados e programação dos torneios da ITF

A gente vive na era da informação, mas achar chave de beach tennis às vezes é um calvário.

Acesse as redes sociais e apps

O site da ITF é oficial, mas pouco prático no celular.

  • App ITF World Tennis Tour: Mostra os “Live Scores” (placar ao vivo).
  • Instagram: Perfis como PlayBTTênis News e as páginas oficiais dos eventos (ex: @sandseriesbrasil) são mais rápidos para soltar chaves e horários.
  • YouTube: O canal PlayBT é a referência mundial em transmissão. Se tem jogo grande, está passando lá.

Acompanhe atletas que você gosta

Seguir os atletas é a melhor forma de saber onde eles vão jogar. A rotina deles é postada nos stories.
Masculino:

FAQ – Dúvidas comuns sobre organização de torneios de beach tennis

O que considerar ao definir o valor da inscrição dos atletas?

Calcule o custo do “Kit Atleta” (camiseta, viseira, brindes) + custo de bolas + aluguel das quadras + arbitragem. O valor deve cobrir isso e deixar margem para imprevistos. Pesquise o preço médio na sua região para não ficar fora do mercado.

Como garantir a imparcialidade na gestão e arbitragem do campeonato?

Contrate um Árbitro Geral que não seja dono da arena e nem jogue o torneio. Ele será a autoridade final em caso de disputas. Isso tira o peso das costas do organizador e passa credibilidade.

Como é um campeonato de beach tennis na prática?

É caótico e divertido. As equipes (duplas) chegam, confirmam presença (check-in), retiram o kit e aquecem. Os jogos acontecem simultaneamente em várias quadras. O locutor ou o app chama os jogos.

Quem ganha, reporta o resultado na mesa. No final, pódio, troféu e festa. O clima deve ser de celebração, mesmo na derrota.

Organizar um torneio é cansativo, mas ver a arena cheia e a galera vibrando paga o esforço. Se você seguir o roteiro (planejamento, tecnologia e respeito ao atleta), seu evento tem tudo para virar data fixa no calendário da cidade.

Conclusão

Organizar um torneio de beach tennis é um desafio de logística e paciência, mas é extremamente gratificante. O segredo não está na premiação milionária, mas na experiência que você entrega: água gelada, horário cumprido e regras claras.

Se você respeitar o atleta amador como se fosse um profissional, seu evento ganhará reputação e fidelidade. No fim das contas, o sucesso do seu campeonato é medido pelos sorrisos no pódio e pela pergunta que todos fazem na saída: “quando é o próximo?”. Mãos à obra e bom torneio!

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